domingo, 15 de dezembro de 2013

O rotariano, o clube e a Imagem Pública


Ao largo das escandalosas dissensões entre líderes políticos que levam seus países a mergulhar no caos econômico e social, nós rotarianos temos trabalhado, em silêncio, na busca de caminhos que nos conduzam ao entendimento entre os desiguais – o primeiro passo em direção à paz.  De fato, vimos marcando nossa presença na condução de programas com grande poder de melhoria do bem estar em muitas sociedades ao redor do globo. Claro que nem tudo são flores. Em alguns casos, os voluntários associados à Fundação Rotária se veem obrigados a enfrentar as desconfianças derivadas do misticismo, das desavenças tribais e dos ódios seculares. Mas, seguem resolutos, desenvolvendo trabalhos de grande mérito, dentre eles, a jornada mundial de combate à polimielite, fantasma que, ainda hoje, nos assusta, ceifa vidas e transforma sonhos em pesadelos.

Infelizmente, em decorrência daquele silêncio quase mineiro, poucos são os que conhecem o Rotary. São minoria os que se inteiram dos nossos ideais de construção de uma sociedade atenta aos males que sufocam milhões de indivíduos em diversos pontos da terra. É inegável o desconhecimento público do nosso esforço de conformação de uma comunidade solidária com os dramas humanos que, muitas vezes, se desenrolam logo ali, do outro lado da nossa rua.

Realmente, poucas pessoas ouviram falar das ações desenvolvidas pelo Rotary - projetos meritórios, a exemplo dos intercâmbios de jovens destinados à troca de experiências, à criação de mentes abertas às culturas diferentes daquelas em que nasceram.

Certamente, muita gente que hoje nos ignora poderia estar ao nosso lado, ajudando no esforço de construção de um mundo mais justo, caso lhes fosse dada a oportunidade de conhecer os resultados práticos do nosso trabalho. Cabe conquistá-las.

Com esse objetivo, temos buscado divulgar os trabalhos do Rotary, torná-los conhecidos e compreendidos em todos os segmentos da nossa sociedade. Temos tentado nos fazer ouvir e alcançar o convencimento; temos nos esforçado para abrir portas a novos parceiros.

Não é uma tarefa fácil conseguir a atenção das pessoas que nos cercam e fazê-las ouvir o que estamos falando; torná-las interessadas nas nossas mensagens. Notadamente se aquilo que apresentamos escapa à realidade da maioria, parece coisa vinda de outro planeta.  Afinal, a maioria absoluta do público visado jamais foi afetada diretamente pelos males que combatemos.

Quantos tiveram a má sorte de se ver mergulhados em uma zona de conflito armado?
Quantos foram alcançados pelas mãos da infelicidade que lhes deixou um ente querido acometido pela paralisia infantil?

Não é uma tarefa fácil. Não basta a disseminação de notícias sobre os nossos ideais, nossos objetivos, nossos propósitos e, até mesmo, nossos serviços diluídos em territórios partilhados com organismos de maior visibilidade como a ONU, a Cruz Vermelha ou os Médicos Sem Fronteiras. Devemos encontrar caminhos eficazes. Pode não ser fácil, é verdade, mas não podemos ficar paralisados diante das dificuldades. Isso nunca foi do nosso feitio.

Cabe dinamizar nossas ações, envolver pessoas que possam contribuir para a realização dos nossos projetos e, para tanto, o primeiro passo é sermos reconhecidos como partes de uma estrutura sólida, confiável, que sonha e sonha grande, enquanto os pés seguem mantidos em passadas determinadas, pisando terreno firme.

Acreditamos que nós, cidadãos rotarianos, somos os responsáveis primeiros pela Imagem Pública do Rotary. Em nós repousa o dever de nos portarmos, profissional e socialmente, segundo os princípios rotários, sem, entretanto, ferir as regras impostas pela comunidade em que o nosso clube está inserido. É o primeiro passo, mas não é o bastante para a atração de novos companheiros, ainda que reverenciem a nossa determinação, o nosso comportamento ético. Afinal, não estamos sós, temos concorrentes. Em vista do que nomeamos acima, devemos ter em conta que muitos outros segmentos da sociedade são, também, confiáveis e envolvidos com boas causas sociais.

Logo, complementando os esforços individuais de cada associado, urge a união em torno de projetos consistentes; a atualização, adaptação e melhoria dos serviços que prestamos às comunidades que nos acolhem; temos que gerar resultados benéficos e duradouros para todos os envolvidos, resultados que funcionarão como os nossos Marcos Rotários. Aos clubes, e somente a eles, cabe a responsabilidade pelos resultados positivos da ação local, aquela que potencializa o reconhecimento comunitário, o envolvimento dos indivíduos beneficiados na divulgação boca a boca daquilo que fazemos. Sem dúvida alguma, as ações integradoras dos clubes com suas comunidades serão o alicerce do nosso pretendido reconhecimento global.

* O autor é Julio Cesar da Silveira, associado ao Rotary Club de Contagem-Cidade Industrial, MG (distrito 4760) e governador indicado para o ano rotário 2014-15.
** Foto: Stock.XCHNG.

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