segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Erro que perdura

O tempo é sem dúvida nosso grande educador. Na qualidade de idoso, agradeço ao tempo o quanto ele me ensinou. Como exemplo, confesso que aprendi, no deslizar de meus 87 anos de vida, que muitas das coisas que acontecem hoje já aconteceram em outros tempos ou até mesmo ontem.

Os princípios básicos de todos os empreendimentos são imutáveis, e apenas temos que os ajustar nas evoluções que o próprio tempo impõe.

Como rotariano há algumas décadas, reconheço que minhas convicções sobre os ditames da filosofia e da doutrina de nossa instituição, criada pelo privilegiado Paul Harris, mereceram alterações crescentes com o passar do tempo, feitas pelo nosso Conselho de Legislação.

Quando criado, o Rotary International tinha o objetivo de agrupar, como voluntários, líderes representativos das comunidades para sanar as existências das carências sociais, promovendo melhorias quanto ao bem viver e a solidariedade entre os povos, alcançando o objetivo final – a paz.

Assim atuou Paul Harris, agrupando-se inicialmente a três outros companheiros que possuíam qualidades de formação adequadas às exigências da doutrina e da filosofia do primeiro clube rotário a ser formado.

Disponíveis como voluntários, os três novos companheiros já eram de atividades profissionais diferentes. Dentro desse princípio nasceu o primeiro Rotary Clube. Na complementação do número de seus associados, o critério de admissão não mudou.

Nos bons tempos. Na sequência dos novos clubes, foram sempre escolhidos como associados líderes representativos de conduta ilibada nos negócios profissionais, na conduta social e no relacionamento familiar. Para isso, na “Avenida de Serviços Internos”, sempre tivemos a Comissão de Admissões de Novos Associados, normalmente composta de três companheiros experientes e devidamente preparados pelo presidente e pelo Conselho Diretor para a eficiência da missão.

O candidato indicado era visitado em sua residência e, quando possível, em seu local de trabalho. As visitas traduziam a seriedade e a honraria de se tornar rotariano e levava ao candidato todas as informações sobre suas obrigações e oportunidades de servir.

Nos tempos atuais. Se analisarmos a estagnação do crescimento do quadro social do nosso Rotary International nos últimos 30 anos, ficaremos tristes e até descrentes. No entanto, o erro que estamos cometendo é fácil de ser corrigido e deve ser alterado com prioridade absoluta. Basta que retornemos aos critérios de aceitar a proposição de novos associados sujeita ao trabalho da indispensável sindicância da Comissão de Admissão de Novos Associados, devidamente capacitada para a missão.

Isso porque a indicação de somente um dos atuais associados ou do próprio presidente do clube não cobre o trabalho da comissão e do Conselho Diretor, respeitando o ritual da sindicância, até a aprovação de todos novos associados pela assembleia do clube.

Lembremos que nem sempre nosso melhor amigo para os momentos de tristeza ou de euforia será um bom rotariano. Lembremos também que rotariano não se faz nem se fabrica – já nasce com a identidade de servir. Lembremos ainda que o aliciamento de funcionários subalternos, parentes, dependentes, amigos e companheiros de outras atividades e participantes de outras instituições semelhantes nem sempre é duradouro, mas resulta em evasões periódicas e lamentáveis, até de bons e antigos companheiros.

Lembremos que a filosofia e a doutrina do Rotary International não foi criadas por Paul Harris somente para ontem, hoje ou amanhã. Ela é para ser eterna, o que agora depende de cada um de nós.

Elmon G. Dinelli - EGD 95/96
Distrito 4.760 – Dezembro/2013

Fonte: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/rotary/erro-que-perdura-1.764794

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