Nestes meus 20 anos de história rotária, sempre me deparei com a palavra doação, mas nunca entendi por que uma organização eminentemente formada por profissionais tem sua arrecadação financeira baseada numa estrutura que depende de doações, sobre as quais não se consegue fazer um planejamento seguro, mas somente fundamentado em estimativas.
Tratamos o processo de admissão de novos associados com um rigor cirúrgico, desenvolvemos projetos e investimentos com uma atuação comparável à das melhores instituições financeiras – mas nossa arrecadação de fundos é baseada apenas na boa vontade.
Pensando nisto, desenvolvemos em nosso distrito uma estratégia de orientação e conscientização de nossos associados para a importância de criarmos uma arrecadação constante e autossustentável. Em primeiro lugar, fizemos instruções no Seminário de Treinamento de Governadores Assistentes, no Seminário de Treinamento de Presidentes Eleitos e nos clubes, explicando a dinâmica financeira da Fundação Rotária, qual o nosso orçamento mundial e qual a responsabilidade de cada associado.
Ainda deixamos bem claro que não estamos no Rotary pelo nosso dinheiro, mas por nossa atuação profissional e ética, as quais poderiam ser utilizadas na geração de recursos para serem investidos na Fundação Rotária. Trocamos a palavra doação por investimento, e em seguida identificamos na ABTRF, por meio do projeto Empresa Cidadã, a ferramenta ideal para atingirmos nossas metas financeiras.
Encaramos a Empresa Cidadã como uma oportunidade para as empresas investirem em imagem pública, atrelando sua marca à nossa. Assim, não pedimos mais nada a ninguém: simplesmente propusemos uma parceria. A nossa estratégia foi sugerir que cada grupo de 10 rotarianos por clube identificasse uma empresa que tivesse condições éticas de ter sua imagem relacionada ao Rotary por meio da Fundação Rotária. Em contrapartida, oferecemos a divulgação da empresa em todos os eventos do clube e do distrito por intermédio de banners, da Carta Mensal e dos selos de Empresa Cidadã. Não oferecemos vantagem fiscal a ninguém: focamos na ação de responsabilidade social das empresas.
Nossa evolução foi fantástica. Partimos de uma Empresa Cidadã no ano 2012-13 para 160 empresas neste ano 2013-14, e ainda com a expectativa de atingirmos a marca de 180. O interesse nesta parceria foi tão significativo que refletiu em nosso quadro associativo, que teve um crescimento superior a 10%.
Também tivemos um ganho na imagem pública, pois as empresas mais conceituadas de nossa região estão divulgando o Rotary em seu ambiente de trabalho. Enfim, criamos em nosso distrito um sentimento de propriedade sobre a Fundação Rotária, onde a maioria dos nossos companheiros entendeu a importância de investir no nosso futuro, com segurança e, principalmente, profissionalismo.
* O autor é governador do distrito 4630 e associado ao Rotary Club de Campo Mourão, PR.
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