Condorcet Rezende - Rotary Club do Rio de Janeiro, RJ (Distrito 4570)
Diversamente da lei científica, que Augusto Comte, com o poder de síntese que caracteriza o espírito francês, definiu como “a constância na variedade”, Rotary, poder-se-ia dizer, é a “variedade na constância”: variedade nas administrações que se sucedem anualmente, variedade nas ênfases que cada uma dá às diretrizes básicas nos planos de atividades, variedade na forma de conduzir as sessões plenárias e os foros, variedade na política que preside a atuação do clube na comunidade, variedade na programação de palestras e na realização das reuniões de companheirismo; mas, constância absoluta na busca dos objetivos rotários, constância na prática da ética rotária, constância, enfim, na consecução do grande ideal de Rotary, que é servir à humanidade.
Ao longo dos seus 108 anos de existência, Rotary vem desenvolvendo uma filosofia que está largamente assentada na concepção de que o aperfeiçoamento das instituições sociais não se faz pela destruição do passado; ao contrário, ele resulta da experiência do passado que se renova sob o influxo do presente, para o melhor desempenho no futuro. Rotary é um exemplo vivo e marcante de que “progredir é conservar, melhorando”.
No decorrer dos séculos, grandes foram os esforços envidados por eminentes pensadores para captar, no seu aspecto mais íntimo, o verdadeiro significado deste processo tão singelo de apreciar, mas imensamente complexo de definir, a que chamamos “vida”. Cientistas e filósofos já se propuseram a reduzir o conceito de “vida” a uma formula simples, que sintetize tudo que nele de fundamental se contém. Muitas são as fórmulas a que poderíamos recorrer: para uns “viver é adaptar-se”; para outros é “crescer”; para outros ainda é “aperfeiçoar-se”. Dezenas de definições já foram propostas para um conceito que chega a parecer efetivamente indefinível. De todas, aquela que merece aceitação geral foi a do ilustre biólogo francês, Claude Bernard, que, em frase sintética, bem ao gosto do espírito francês, afirmou que “vida é movimento”. De fato, todo organismo vivo está em constante movimento, desde suas menores partículas aos órgãos mais complexos e diferenciados. Se há movimento, há vida: se há vida há crescimento, que é forma de movimento.
Rotary, como organismo vivo, não foge a essa regra universal: ele age, movimenta-se, agita-se porque está vivo; ele cresce, expande-se, renova-se e se aprimora, porque está vivo. Rotary representa um dos mais adequados instrumentos para promover-se a aproximação dos povos, a valorização social do homem e seu aperfeiçoamento pessoal. Ser rotariano significa, antes de tudo, subordinar o pessoal ao social e o social ao universal.
E, no setor da comunidade internacional, basta um exemplo para demonstrar a pujança de Rotary e a benemerência de sua obra: a admirável Fundação Rotária que, através de bolsas de estudo, vem promovendo não apenas o aprimoramento acadêmico e prático de profissionais de todos os setores, mas, igualmente e sobretudo, vem fomentando o conhecimento recíproco de jovens de todo o mundo, num intercâmbio que certamente representa uma das formas mais eficazes de desenvolver a fraternidade universal, pois, o saudável companheirismo criado entre os bolsistas estrangeiros e os jovens dos países anfitriões, sob os auspícios e a orientação de Rotary, vão, sem dúvida, cimentar, de forma duradoura, sólidas amizades, calcadas no conhecimento e no respeito recíprocos.
Nós rotarianos podemos assim nos orgulhar de, aos olhos do mundo, havermos evoluído, “de um grupo de homens de bem que se reúnem para comer mal”, na observação jocosa de George Bernard Shaw, para uma organização que, por suas características, apresenta condições ímpares de ser um dos grandes instrumentos na consecução desse sonho tão longamente acalentado da “fraternidade universal”. Parece-nos lícito afirmar que o verdadeiro ecumenismo começa em Rotary.
Fonte: Jornal O Tempo - http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/rotary/rotary-um-organismo-vivo-1.699176
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